Reflita um pouco, e se houvesse um conjunto de ferramentas capazes de impulsionar a qualidade dos produtos, reduzir custos operacionais e aumentar a satisfação dos clientes, tudo ao mesmo tempo. Parece um sonho? Bem, esse é o poder das 7 Ferramentas da Qualidade. Este artigo explora cada uma dessas ferramentas de forma clara e acessível, mostrando como aplicá-las para transformar sua empresa e alcançar resultados excepcionais. As 7 Ferramentas da Qualidade são a chave para revolucionar seu negócio e conquistar o sucesso.
Fluxograma
Imagine-se em 1921, quando os brilhantes engenheiros Frank e Lillian Gilbreth apresentaram ao mundo uma ferramenta revolucionária: o fluxograma. Foi como abrir as cortinas para um novo espetáculo da eficiência! Desde aquele momento icônico na American Society of Mechanical Engineers (ASME), o fluxograma não apenas evoluiu, mas se tornou uma verdadeira estrela nos palcos dos processos em todos os setores imagináveis.
E assim nasce o fluxograma, não apenas uma sequência de caixas e setas, mas uma sinfonia visual que transforma a complexidade em simplicidade, as incertezas em clareza e os gargalos em oportunidades de melhoria. Cada traço, cada símbolo é como uma nota musical, contribuindo para a harmonia perfeita dos processos organizacionais.
Este instrumento, que organiza meticulosamente as atividades de um processo específico, não apenas caracteriza as operações e os agentes responsáveis por executá-las, mas também tem o poder de esclarecer de forma perspicaz os detalhes que poderiam passar despercebidos em outras formas de apresentação.
Seu ponto de partida reside na análise minuciosa da rotina, identificando primordialmente:
- As entradas e seus respectivos fornecedores, bem como as saídas e seus destinatários;
- As operações realizadas em cada setor ou pessoa envolvida no processo.
Essa abordagem não apenas simplifica a compreensão do processo, mas também estimula a análise crítica e a otimização, pois visualmente representa a sequência das operações, a circulação de informações e documentos, e a interação entre os diversos elementos envolvidos.
Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa ou “Espinha de Peixe”, é uma ferramenta poderosa utilizada na identificação e análise de problemas. Sua função é ir além do sintoma, buscando identificar, explorar e destacar todas as possíveis causas de um problema ou condição específica.
Imagine o Diagrama de Causa e Efeito como um mapa que revela a relação entre uma característica da qualidade e os diversos fatores que podem influenciá-la. Essa técnica, de origem japonesa, é essencial para levantar e identificar as causas subjacentes aos problemas existentes nos processos, proporcionando insights valiosos para uma análise mais aprofundada.
Para construir um Diagrama de Causa e Efeito de forma eficaz, é fundamental aplicar o Método dos 5 Porquês em conjunto, investigando a fundo as raízes do problema. Além disso, é possível categorizar as causas com base nos 6M’s: Método, Máquina, Mão-de-obra, Matéria-prima (Materiais), Meio ambiente e Meio de Medição (Medida).
Os passos para a construção desse diagrama são claros e estruturados:
- Defina claramente o problema, anomalia ou efeito a ser analisado.
- Utilize o Brainstorming para levantar as causas prováveis que podem estar contribuindo para o problema.
- Elabore o Diagrama de Causa e Efeito, conectando as causas identificadas às suas respectivas categorias e à característica da qualidade em questão.
Com essa abordagem sistemática e detalhada, o Diagrama de Causa e Efeito se torna uma ferramenta essencial para uma análise profunda e eficiente dos problemas, possibilitando a implementação de soluções mais assertivas e duradouras.
Folha de verificação
A Folha de Verificação, também conhecida como Lista de Verificação ou Checklist, desenvolvido por Kaoru Ishikawa é uma ferramenta fundamental na identificação de problemas através da coleta de dados amostrais. Sua utilidade vai além da mera coleta, pois ela auxilia na definição de modelos sólidos e confiáveis.
Comumente utilizada para responder questões como “Com que frequência certos eventos acontecem?”, a Folha de Verificação é de fácil compreensão e se destaca pela sua capacidade de organização e análise de informações. Sua principal função reside em explorar minuciosamente as diversas causas que podem levar a um único defeito ou falha.
Existem diferentes tipos de Folhas de Verificação, cada uma com sua própria função:
- Folha de Verificação Simples: Certifica a conformidade com passos ou itens pré-estabelecidos, além de avaliar seu nível de cumprimento.
- Folha de Verificação de Frequência: Determina a ocorrência de um evento ao longo de um período definido, fornecendo insights sobre sua frequência.
Para construir uma Folha de Verificação eficaz, é importante seguir uma abordagem estruturada:
- Estabelecer claramente o evento ou problema a ser estudado.
- Definir o período de coleta dos dados para uma amostragem representativa.
- Elaborar um formulário claro e de fácil manuseio, com espaço suficiente para registrar os dados de forma precisa.
- Coletar os dados de maneira consistente e honesta, garantindo a confiabilidade das informações registradas.
Cartas de controle
As empresas estão sempre em busca de estratégias para aprimorar a qualidade de seus produtos e serviços, visando atender às demandas e expectativas dos clientes, assegurar sua satisfação e lealdade, e manter uma posição competitiva no mercado. Uma dessas estratégias envolve a utilização de gráficos de controle para antecipar problemas, monitorar produtos e processos, e assim promover melhorias na gestão da qualidade sem gerar acréscimo nos custos.
As cartas de controle, desenvolvidas por Walter Shewhart, ajudam a prever problemas ao identificar sinais de alerta, permitindo ação preventiva antes que ocorram danos maiores. Essa técnica monitora variações nos processos, distinguindo entre pequenas flutuações normais e variações significativas que podem indicar problemas.
As Cartas de Controle são como um mapa visual que guia a gestão de processos. Com três linhas principais – a Limite Superior de Controle (LSC), a Limite Inferior de Controle (LIC) e a Linha Média – elas transformam dados em insights poderosos ao longo do tempo.
A criação da carta de controle pode ser realizada utilizando ferramentas como o Excel e o Minitab, oferecendo a flexibilidade necessária para adaptar os parâmetros conforme as demandas específicas da empresa. Essas plataformas também tornam a atualização da carta mais ágil e acessível, contribuindo para uma gestão mais eficiente e precisa dos processos.
Histograma
O Histograma é essencial para a melhoria da qualidade, pois permite entender melhor os dados e tomar decisões informadas baseadas nesse entendimento. Ele é amplamente utilizado em diversas áreas, como a indústria, a pesquisa e a educação.
Essa ferramenta é um gráfico que ilustra a frequência relativa de uma variável específica, mostrando seu padrão e tendência de distribuição estatística com base em valores determinados ou limites de variação pré-definidos. Dessa forma, ele simplifica a visualização, comparação e comunicação desses dados, desempenhando um papel descritivo. Além disso, também permite fazer previsões sobre possíveis resultados, assumindo assim um papel prescritivo.
Portanto, é um instrumento de análise de dados que fornece uma representação visual da distribuição de uma variável. Ele ajuda a identificar tendências, padrões e outliers nos dados. Além disso, permite a comparação de diferentes conjuntos de dados e a previsão de tendências futuras.
Em resumo, o Histograma é uma ferramenta valiosa para a tomada de decisões informadas com base em dados.
Há 6 tipos:
- Simétrico
Este tipo de histograma é identificado pela concentração da frequência máxima no centro, semelhante a uma distribuição normal. É frequentemente utilizado para representar dados médios, facilitando comparações com outras informações de pesquisa ou processos padronizados em linhas de produção.
- Assimétrico
Como o histograma simétrico, o assimétrico apresenta um único pico proeminente, indicando uma grande variação nos dados. Essa forma assimétrica surge quando se controla apenas um limite de especificação em um processo.
- Despenhadeiro
Os valores mais altos estão concentrados em um dos lados, com o valor médio deslocado do centro. Esse tipo é comumente usado quando há ausência de alguns dados estatísticos.
- Dois Picos
Caracterizado por dois picos altos em diferentes regiões do gráfico, indica que há mais de uma frequência elevada nos dados.
- Achatado
Também conhecido como platô, este tipo apresenta frequências de nível similar próximas entre si, sem grandes variações.
- Pico Isolado
Este histograma apresenta uma barra que se destaca significativamente em relação às demais, geralmente indicando falhas na coleta de dados estatísticos.
O histograma pode ser feito em diversas ferramentas, dentre elas Minitab, Excel, LibreOffice Calc, entre outros.
Histogramas são ferramentas versáteis que ajudam no desempenho do dia a dia, podendo ser aplicados em Análises Financeiras, visualizando a distribuição dos gastos mensais; Saúde, monitorando a frequência de níveis de atividade física ou padrões de sono; Educação, avaliando as notas dos alunos para identificar padrões de desempenho e áreas que precisam de atenção.
Essa ferramenta é essencial para a análise de dados em diversas áreas, facilitando a tomada de decisões informadas.
Diagrama de Dispersão
O diagrama de dispersão é uma ferramenta gráfica essencial para analisar a relação entre duas variáveis numéricas, representando-as em um gráfico onde cada ponto corresponde a um par de valores. No diagrama, o eixo X (horizontal) representa os valores da variável independente, e o eixo Y (vertical) representa os valores da variável dependente. Por exemplo, ao analisar a relação entre temperatura ambiente e vendas de sorvetes, a temperatura (independente) influencia diretamente a quantidade de sorvetes vendidos (dependente).
O diagrama de dispersão ajuda a validar se uma variável independente tem impacto real sobre uma variável dependente, mostrando diferentes tipos de correlação:
- Correlação positiva: Os pontos seguem uma tendência crescente; conforme uma variável aumenta, a outra também aumenta (exemplo: temperatura e vendas de sorvetes).
- Correlação negativa: Os pontos formam uma linha descendente; conforme uma variável aumenta, a outra diminui (exemplo: riqueza de um país e taxa de natalidade).
- Correlação nula: Os pontos estão dispersos sem uma tendência clara, indicando que não há uma relação aparente entre as variáveis.
A distribuição dos pontos em um diagrama de dispersão também revela a intensidade da relação entre as variáveis. Quando os pontos estão próximos e formam uma linha bem definida, isso indica uma correlação forte. Se os pontos estão mais espalhados, a correlação é fraca, sugerindo uma relação menos intensa entre as variáveis.
O Diagrama de Dispersão é uma ferramenta valiosa para analisar a relação entre duas variáveis e como a mudança em uma delas impacta a outra. Ele é útil para identificar possíveis causas raiz de problemas, permitindo validar hipóteses com base em dados concretos. Por exemplo, após um brainstorming de causas e efeitos usando um Diagrama de Ishikawa, pode-se usar um diagrama de dispersão para verificar se uma causa e um efeito estão relacionados. Imagine discutir as causas dos acidentes em uma rodovia e levantar o “dia de chuva” como uma possível causa. Um diagrama de dispersão pode mostrar a relação entre os dias de chuva e o número de acidentes, validando essa hipótese.
Além disso, o diagrama de dispersão ajuda a confirmar se dois efeitos diferentes resultam de uma mesma causa. Isso é importante quando se têm várias não conformidades atribuídas a uma única causa raiz e é necessário verificar se a correlação entre elas é verdadeira. Ele também é útil para testar a autocorrelação antes de construir um gráfico de controle.
É essencial lembrar que, mesmo se o diagrama de dispersão mostrar uma relação entre duas variáveis, isso não significa necessariamente que uma causou a outra. Ambas podem ser influenciadas por uma terceira variável não considerada. Portanto, ao usar essa ferramenta, é importante levantar novas hipóteses constantemente.
Para criar um diagrama de dispersão, siga estes passos:
- Selecione a causa e o efeito cuja relação você deseja descobrir.
- Colete dados das duas variáveis, que podem ser obtidos através de uma folha de verificação.
- Desenhe os eixos do gráfico, colocando a variável dependente no eixo vertical e a variável independente no eixo horizontal.
- Plote os dados no gráfico, desenhando um ponto para cada ocorrência.
- Verifique a disposição dos pontos para identificar se há uma correlação positiva, negativa ou nula.
Diagrama de Pareto
O Diagrama de Pareto é uma ferramenta gráfica que ajuda a classificar e priorizar causas de perdas ou defeitos. Baseado no princípio de que 80% dos problemas vêm de 20% das causas, ele facilita a identificação e correção dessas causas principais, resolvendo a maioria dos problemas.
Criado pelo economista Vilfredo Pareto, o diagrama organiza problemas em um gráfico de barras decrescente, mostrando a frequência das ocorrências e seu percentual em relação ao total. Isso permite focar nos problemas mais críticos e eliminar futuras perdas.
Parte das sete ferramentas da qualidade, o Diagrama de Pareto é essencial para visualizar e resolver os problemas mais significativos. Para utilizá-lo, siga seis passos básicos: definir o objetivo, classificar os dados, calcular frequências, agrupar causas menores, calcular percentuais e traçar o diagrama.
O Diagrama de Pareto está ligado ao princípio 80-20, ou lei 20/80, que afirma que 80% dos resultados vêm de 20% das causas. Esse conceito foi popularizado por Joseph M. Juran em homenagem ao economista Vilfredo Pareto, que observou que 80% da riqueza estava concentrada em 20% da população.
Aplicando essa lei, podemos dizer que:
- 20% dos clientes geram mais de 80% dos lucros de uma empresa.
- Mais de 80% das descobertas científicas são feitas por 20% dos cientistas.
Como aplicar o Gráfico de Pareto:
O objetivo principal de um programa de qualidade é reduzir perdas causadas por defeitos. Focar em eliminar todos os defeitos não é eficiente; é mais eficaz atacar os defeitos que causam a maioria das rejeições. O Gráfico de Pareto ajuda a identificar esses “poucos vitais” (problemas que causam grandes perdas) e diferenciá-los dos “muitos triviais” (problemas que causam poucas perdas).
Como fazer e usar o Diagrama de Pareto:
- Coletar dados:
- Anote todas as informações.
- Organize as categorias em ordem decrescente de frequência.
- Organizar dados em uma tabela:
- Calcule a frequência dos problemas e as frequências acumuladas.
- Calcule a porcentagem das ocorrências.
Benefícios do Diagrama de Pareto:
- Identifica os principais problemas, focando na resolução dos mais críticos.
- Organize dados, mostrando prioridade ou importância.
- Facilita a tomada de decisão com dados reais.
- Resolve problemas de forma eficiente e organizada.
- Utiliza melhor os recursos, especialmente quando limitados.
O Diagrama de Pareto, uma ferramenta simples, pode ter um grande impacto na resolução de problemas, especialmente para a gestão de projetos.
Autores
Agnaldo Bruno da Silva Souza Caetano
Graduando em Engenharia de Produção pela Univasf e membro do DMKT
Laura de Souza Soares da Silva
Graduanda em Engenharia de Produção pela Univasf e membro do DMKT
Revisor
António Pires Crisóstomo | Docente UNIVASF
Graduado em Administração pela Universidade Federal Fluminense (1997), mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense (2002) e doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco (2011)
Referências
O QUE é um fluxograma? Aprenda os símbolos, tipos e como interpretá-los. Asana, 2024. Disponível em: https://asana.com/pt/resources/what-is-a-flowchart. Acesso em: 03 maio 2024.
CARVALHO, J. L. M. Ferramentas da Qualidade – Parte 1. Juazeiro: CPROD/UNIVASF, 2023. 50 p. (Material de Aula)
Rocha, Henrique Martins. Controle Estatístico de Qualidade. Volume único. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2019. 406p. ISBN: 978-85-458-0223-5.
O QUE é diagrama de Ishikawa e como fazer. Lucidchart. Disponível em: https://www.lucidchart.com/pages/pt/diagrama-de-ishikawa. Acesso em: 03 maio 2024.
COUTINHO, Thiago. Veja quais são as 7 Ferramentas da Qualidade para revolucionar o seu negócio. Voitto, 2019. Disponível em: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/7-ferramentas-da-qualidade. Acesso em: 03 maio 2024.
Histograma: O que é, tipos e como construir. FM2S. Disponível em: https://fm2s.com.br/blog/histograma. Acesso em: 19 jun. 2024.
Diagrama de Dispersão. Disponível em: https://ferramentasdaqualidade.org/diagrama-de-dispersao/. Acesso em: 20 jun. 2024.
CAMARGO, R. Diagrama de Pareto: o que é e quando você deve usá-lo? Disponível em: https://robsoncamargo.com.br/blog/Diagrama-de-Pareto-o-que-e-e-quando-voce-deve-usa-lo. Acesso em: 22 jun. 2024